Osvaldo Carvalho, Luiz Badia e Fábio Carvalho inauguram a exposição “Fronteiras Abertas” em 03 de agosto, às 16h, no Centro Cultural Correios Rio. Sob a curadoria de Sonia Salcedo Del Castillo, o trio de artistas tem uma grande conexão de estilo e linguagem em seus trabalhos. Um dos elos está na pintura figurativa baseada em elementos simbólicos envolvidos em uma abstração lírica e estilizada. Uma corrente da arte contemporânea que assimila aspectos da pop art e do surrealismo, ao mesmo tempo flertando com a urban art, trazendo algo mais sensorial na fatura da pintura.

Os três artistas literalmente abrem suas fronteiras em uma exposição simbiótica, alargando sua conexão, criando assim um corpo só, abordando de meio ambiente a brinquedos lúdicos de infância.

Osvaldo Carvalho, de forma lúdica, apresenta suas reflexões sobre meio ambiente, tratando com sensibilidade as questões do lixo abundante que descartamos, sem a preocupação com o planeta e com os animais que o habitam. Apesar da linguagem leve e alegre, suas pinturas e instalações tratam de temas pertinentes à reflexão sobre a atuação desta espécie dominante, assim como sobre outras questões relevantes da nossa sociedade.

“Sweet Dreams 2”, de Fábio Carvalho.

Já Luiz Badia apresenta uma conjunção entre o feminino e o masculino, criando tensão e suavidade com aviões supersônicos e bonecas infantis, distribuídos em um cenário enevoado de sonhos construídos em planos abstratos, em que figuram esses simbólicos elementos disfuncionais. A séria de pinturas, desenhos e vídeos dá continuidade ao projeto Uno, mas é formada de trabalhos inéditos e que promovem uma ponte entre as duas mostras.

A produção artística de Fábio Carvalho, por sua vez, é resultado de uma reflexão sobre os elementos que constituem as expectativas e as representações dos universos masculino/feminino. Sua poética artística opera na superposição e no conflito entre signos aceitos por grande parte da sociedade de uma forma dicotômica: o masculino, com brinquedos de aventura e guerra, mesclando ao feminino, delicado e sensível, representado em particular por padrões florais, borboletas, louça de porcelana, bordado, rendas, entre outras práticas normalmente consideradas femininas, o que atribui uma leveza lúdica ao seu trabalho.

“A Ilha”, por Osvaldo Carvalho.

“Em Fronteiras Abertas, Fábio Carvalho, Luiz Badia e OsvaldoCarvalho promovem uma reflexão acerca da existência humana, a partir do confronto entre perene e efêmero. De maneira lúdica, tal abordagem – expandida em formas, palhetas, faturas, traços, suportes e meios diversos – é carregada de valores simbólicos e alegóricos, que nos conduzem a indagações em torno da urgência de clareza e equidade à melhoria da condição humana.

Dada a harmonia entre as obras, Fronteiras Abertas dispensa um percurso expositivo predeterminado. Contudo, a sala central nos indica seguir à esquerda ou à direita, e assim, começar pelo enfrentamento político contido nas obras de Osvaldo, passar pelo belicismo de gêneros característico da poética de Fábio, ou experimentarmos o lirismo das paisagens utópicas de Luiz.

Desta ou de maneira contrária, uma beleza plástica se revela estratégica. Os trabalhos seduzem o público e lançam questionamentos. Ainda que cada artista se valha de recursos poéticos distintos, estes operam retóricas subjetivas de maneira coesa. Em todos os casos, formas e imagens pré-existentes são reunidas em miríades de escritas possíveis.

Relacionada ao conceito de cultura da imagem e seu poder articulador da massa social, Fronteiras Abertas é uma exposição que flerta sonho e realidade por meio de montagens, em que se aplicam todos os procedimentos alegóricos, implicados no modus operandi da vida nos dias atuais.”

Sonia Salcedo del Castillo, curadora

“Fronteiras Abertas” poderá ser visitada até 16 de setembro, de terça-feira a sábado, das 12h às 19h. O Centro Cultural Correios fica na rua Visconde de Itaboraí 20, Centro do Rio.

“Avesso”, de Luiz Badia.