A quinta edição do “Sesc EntreDança”, considerado um dos maiores eventos do gênero do país, começa no próximo dia 29, quando é celebrado o Dia Mundial da Dança. Após a interrupção nos dois últimos anos por causa da pandemia, o festival do Sesc Rio – duas vezes indicado ao Prêmio Cesgranrio – dá continuidade ao tema abordado na última edição, “O corpo negro”, e reúne em sua programação obras de dança criadas e executadas por artistas negros e negras.

“A interrupção forçada há dois anos fez com que nos perguntássemos continuamente sobre a missão institucional e as nossas ações. A cada dia de novos desafios e impactos sofridos, somente permaneceu a certeza de que o corpo negro continuou sendo o mais atingido, o que teve menos alternativas e possibilidades diante da doença, das imposições do mundo do trabalho e das consequências da pandemia – ainda em curso”, explica André Gracindo, analista técnico de Artes Cênicas do Sesc Rio e um dos curadores do evento, ao lado de Jorge Vasconcellos, Luciane Ramos-Silva e Taísa Machado, convidados desta edição. A continuidade da ação pretende reafirmar a importância das suas contribuições para o cenário cultural do país.

Celly IDD Passinho. Crédito: divulgação.

A abertura oficial desta edição, dia 29, às 19h, no Sesc Copacabana, tem entrada franca. Será um encontro com a presença de todos os artistas da programação, com a interlocução de Luciane Ramos-Silva. A noite terá a performance musical do artista Carlos Negreiros, da Orquestra Afro-Brasileira, que apresenta canções autorais da histórica companhia de dança afro carioca Olorum Baba Min, em que foi diretor musical.

A programação se estende até 16 de maio e acontece nas cidades do Rio de Janeiro, Nova Friburgo, Nova Iguaçu, Paraty e Petrópolis. Dezesseis espaços desses municípios, entre unidades do Sesc e parceiros, receberão 14 grupos do Rio e de mais cinco estados brasileiros: Bahia, Ceará, Minas Gerais, Pernambuco e São Paulo. A maioria dos espetáculos são inéditos no Rio. Diversas atividades são gratuitas, e as pagas têm preços populares: entre R$ 5 e R$ 30.

Meia Noite. Crédito: Anderson Stevens.

Resistência. Crédito: Adretimage.

Entre as novidades desta edição estão uma mostra audiovisual com produções relacionadas ao recorte curatorial. Também foi formado um núcleo de crítica que produzirá textos sobre os espetáculos desta programação, que serão publicados no site do projeto. Pela primeira vez, o “EntreDança” será realizado conjuntamente com o Polo Sociocultural do Sesc Paraty e o Centro Cultural do Polo Educacional Sesc (em Jacarepaguá), administrados pelo departamento nacional da instituição.

Este ano, entre os destaque da programação está a presença do Reinado de Nossa Senhora do Rosário do Jatobá, irmandade formada por cerca de 150 pessoas que mantém ativa a tradição do Reinado há mais de 130 anos. Trata-se de uma fundamental expressão cultural de matriz banto no país, e é hoje encontrada em sua maior parte no Estado de Minas Gerais. O Reinado apresentará “Cortejo e louvação”, nos dias 13 e 14 de maio, na Unirio e na Praia de Copacabana, respectivamente, quando o público poderá conhecer a força e a importância histórica, social e cultural das confrarias negras católicas no Brasil.

Dentro das ações de formação e reflexão do projeto, a professora e pesquisadora Leda Maria Martins – integrante do Reinado de Jatobá e Rainha de Nossa Senhora das Mercês – ministra a aula magna “Corpos bailarinos, saberes em trânsito”, no dia 16 de maio. Ela abordará as relações entre corpo, saber, memória e território, temas que perpassam a programação desta edição em suas variadas atividades. A atividade é gratuita.

Corpocatimbó. Crédito: Luiz Alves.

Noites do passinho, Formigueiro e Oficina Afrofunk apresentam experiências das danças urbanas em diferentes formatos, convidando o público jovem a participar da programação. Isaque Badalado, Severo IDD, Igor Imperador, Codazzi, Cebolinha, Celly IDD são alguns dos bailarinos com presença marcante no cenário da atualidade. Alguns destes são relíquias do Passinho, ou seja, expoentes da sua primeira geração, que criaram este gênero e apresentam seus solos em Noites de Passinho. Taísa Machado é fundadora do AfroFunk Rio, uma plataforma de experiências e conteúdos para o movimento funk carioca, em que a dança é ferramenta de tecnologia social e o corpo é fonte de conhecimento e inspiração. Ela ministra a oficina Afrofunk que exalta a participação feminina no movimento funk, utilizando-se da dança como espaço civilizatório. Bruno Duarte é um dos principais representantes do Krump no Brasil e, em Formigueiro, mescla técnicas desta expressão das danças urbanas com outros elementos coreográficos.

Violento. Crédito: Pablo Bernardo.