Il Latte dei Sogni é o tema da 59a. Bienal de Veneza, a primeira curada por uma mulher, a italiana Cecília Alemani. O título vem de uma obra surrealista de Leonora Carrington, uma fábula na qual humanos e animais se misturam num mundo mágico.

Pensando em uma bienal desse porte como um retrato instantâneo do que mais precisa ser discutido no mundo naquele momento, uma vez que a arte contemporânea é sensível a tudo isso, países como os EUA trouxeram com a temática do racismo, Europa nórdica com questões relacionadas a povos nativos e aquecimento global, Israel com colagens de elementos islâmicos e o Brasil tratando de ditos populares comuns em sua cultura.

O pavilhão brasileiro com obras do artista alagoano Jonathas de Andrade, chama-se Com o Coração Saindo pela Boca. Você literalmente entra por uma orelha e sai por outra, lá dentro tem Dedo Podre, O Olho do Furacão, Fogo no Rabo, a Faca entre os Dentes, Olho Grande, Costas Quentes e mais muitos outros ditos da nossa cultura, o que tanto fala sobre nossa forma de encarar o mundo com leveza e rir de si próprio.

Pensando a arte como o que está entre o Ser humano e sua existência no mundo, podemos dizer que o brasileiro está com o coração saindo pela boca? Aí é cada um que interpreta, de acordo com sua bagagem cultural e suas vivências nesse 2022, pós pandemia e ano de eleição.