A Aliança Francesa, em parceria com o Festival do Rio, recebe o Grupo SZ no Rio de Janeiro para a exibição de dois cine-concertos, no dia 7 de outubro. Os filmes escolhidos para as sessões especiais de reabertura do Cine Odeon – Centro Cultural Luiz Severiano Ribeiro foram “Soy Cuba” e “K-ARP: À l’assaut de la Tour Eiffel”. O SZ é composto pelos irmãos Litzler, já conhecidos na cena musical francesa. A proposta dos dois músicos é produzir uma música cinematográfica original misturando influências do post rock, da música eletrônica e do jazz. Esse projeto, idealizado pela Aliança Francesa com o Festival do Rio tem o apoio do Institut Français, da Embaixada da França no Brasil e da Spedidam.

“O Festival do Rio sempre busca apresentar o cinema em toda sua diversidade. O cine-concerto revisita de uma maneira livre e criativa o cinema dos tempos de outrora e traz a magia do espetáculo ao vivo. Estamos orgulhosos de reabrir o cinema Odeon com essa experiência original e única”, afirma Ilda Santiago, diretora do Festival do Rio

“A Aliança Francesa tem o prazer de participar deste momento simbólico de reabertura do cinema Odeon, em um evento tão importante quanto o Festival do Rio, apresentando dois filmes-concertos com o Grupo SZ, um dos melhores representantes do cine-concerto, misturando a tradição de clássicos do cinema e a inovação da música contemporânea”, afirma Quentin Richard, diretor cultural da Aliança Francesa do Rio.

Os irmãos Franck e Damien Litzler.

Na sexta-feira (7), às 19h, haverá a apresentação do cine-concerto baseado em um corte do filme “Soy Cuba”, de Mikhaïl Kalatozov, e de “K-ARP”, baseado no curta-metragem “À l’assaut de la Tour Eiffel”, de Alain Pol.

Clássico russo, “Soy Cuba” foi negligenciado em sua primeira exibição em 1964. O filme sobre a revolução cubana, destinado a servir de propaganda para o governo de Fidel Castro, não agradou as autoridades soviéticas e cubanas. Apenas depois de sair da clandestinidade, em 1992, a obra foi reconhecida como precursora do cinema contemporâneo e teve o apoio de Martin Scorsese e Francis Ford Coppola para sua difusão. O SZ criou o cine-concerto sobre o filme “Soy Cuba” em 2011. O projeto foi uma coprodução com Ville de Saint-Gratien (festival “Un monde, des cultures”), Régie 2C – Ville de Grenoble e Stara Zagora, com apoio do CNV. A dupla se destaca mais uma vez pela ambientação colorida e excêntrica de uma obra cinematográfica importante, mas pouco conhecida e comentada.

O cine-concerto “K-ARP”, também apresentado na sexta-feira, traz o curta-metragem “À l’assaut de la Tour Eiffel”. Com ângulos vertiginosos e a Paris pós-guerra como plano de fundo, o filme acompanha quatro alpinistas experientes que partem para escalar a Torre Eiffel. Tida como ilegal por um agente da polícia, essa aventura se transforma rapidamente em uma perseguição, resultando numa história leve e divertida que ganhou diversos prêmios, inclusive o prêmio Louis-Lumière, em 1948. O SZ apresenta agora o filme no cine-concerto “K-ARP: À l’assaut de la Tour Eiffel”.

Cena do filme “À l’assaut de la tour Eiffel”.

No dia 17 de outubro, às 16h, os músicos irão apresentar o Ateliê Da Música à Imagem, uma oficina de criação musical para cine-concertos. A oficina será realizada na Aliança Francesa da Tijuca (Rua Andrade Neves, 315) e é aberta ao público infantil e adulto. Durante a oficina, os participantes serão convidados a criar uma trilha sonora para um trecho de um filme a partir de instrumentos e objetos.

“Depois de mais de 20 anos tocando música juntos, vamos levar o público em uma viagem a Paris em preto e branco, deixando todos tontos com “À l’assaut de la tour Eiffel” e, em seguida, a plateia embarca para conhecer uma obra-prima do cinema cubano dos anos 60, com “Soy Cuba”, descrevem Damien & Franck Litzler.

Os irmãos Franck e Damien Litzler propõem um estilo de música “cinematográfica” original, que confere uma nova dimensão aos filmes exibidos nos cine-concertos. Com formas repetitivas e evolutivas, de tensão e relaxamento, a dupla cria melodias cativantes que guiam o espectador com energia e sutileza a territórios imprevisíveis que oscilam entre o rock, o electro e o jazz, para unir-se harmoniosamente ao universo do filme.

Atualmente, o SZ é reconhecido na cena musical e artística francesa. Nesses 20 anos, o grupo já produziu dois álbuns, lançados na França pela Drunk Dog/Differ-Ant. A dupla também realizou mais de 250 concertos e cine-concertos de diferentes formatos em diversos lugares de expressão da música atual, na França e em outros países da Europa.

 

A originalidade do SZ reside na performance técnica e cênica a dois, feita a partir de um dispositivo de sampling ao vivo em meio a percussão, bateria, violões, teclados, glockenspiels, vozes, trompetes, objetos diversos e achados de todos os tipos. Partes da trilha sonora original são integradas à criação, como um terceiro músico durante o filme, o que resulta na mistura de sons acústicos e eletrônicos.

O exercício especial do cine-concerto oferece aos músicos a possibilidade de explorar formas e materiais musicais e sonoros. Esse tipo de criação multidisciplinar estimula a imaginação por se emancipar de formatos tradicionais e abrir possibilidades para inovações.

Desde 2011, os irmãos Litzler conduzem regularmente ateliês de iniciação à criação de cine-concerto para públicos variados. Além disso, por serem reconhecidos como especialistas do gênero, eles atuam como formadores desta disciplina para profissionais da música (atuantes no meio escolar e musical) e da pedagogia. Damien dirige, em Grenoble, um dos raros festivais de cine-concerto na França, “Le Tympan dans l’œil”, criado por ele.