O Estação NetRio de Cinema, em Botafogo, apresenta o projeto Arte & Resistência, que conjuga a exposição da artista Lígia Teixeira – “Quase Cinema – De Muybridge à Rosebud” e uma mostra coletiva de videoarte. A produção é de Cavi Borges, cineasta e produtor cultural do grupo Estação, espaço que se firma como um polo de resistência cultural no Rio de Janeiro, dando nome à mostra.

Com curadoria de Marisa Aragão, “Quase Cinema” apresenta 12 séries de telas em pequenos formatos que dialogam com a obra do célebre fotógrafo Edweard Muybridge, considerado o precursor do cinema por suas experiências pioneiras com câmeras e aparatos fotográficos. As telas de Lígia Teixeira, apresentadas em sequências como fotogramas pintados, reproduzem as imagens em movimento que lhe garantiram tanta notoriedade.

“Aeroporto 22”, de Luiz Badia.

“Limite Zero”, de Berna Reale.

Nesta individual, a artista também evoca memórias afetivas a partir da experiência que teve ao assistir ao filme Cidadão Kane, de Orson Welles, quando levada pela mãe aos 11 anos de idade. Impactada por essa obra grandiosa da cinematografia mundial, Lígia considera esse momento como um verdadeiro “ritual de iniciação” ao mundo da estética e da arte.

Das imagens de Muybridge à citação à Rosebud – referência enigmática presente ao longo de toda a película de Welles e utilizada como subtítulo da mostra -, Lígia Teixeira presta uma homenagem não só a esses dois mestres da imagem, como também ao cinema, que, a partir daquela experiência inaugural, tornou-se uma paixão e mudou decisivamente sua forma de olhar e perceber o mundo.

“Desmatamento”, de Gunga Guerra.

Lígia Teixeira, da série “Muybridge II”.

Osvaldo Carvalho com o vídeo “Branco sai, preto fica”.

Já a mostra de videoarte é roganizada em quatro eixos temáticos e será apresentada sempre às quintas-feiras, às 19h. A próxima apresentação, dia 03, tem como tema Identidade/Corpo/Memória; dia 10, Natureza/Caos/Utopias; e por fim, no dia 17 de novembro, Fabulações. A curadoria é de Marisa Aragão e Lígia Teixeira, e a edição é de Luiz Badia.

Ao todo, 48 artistas participam da mostra, entre eles estão Anna Bella Geiger, Berna Reale, Alexandre Dacosta, Xico Chaves, Zalinda Cartaxo, Sonia Salcedo , Martha Niklaus, Ronald Duarte, Osvaldo Carvalho e Marilou Winograd. Os temas transitam entre política, como em Ação/Resistência/Território, nos vídeos “Local da Ação”, de Anna Bella Geiger, “Aeroporto 22”, de Luiz Badia, ou “O Q. Rola Você V”, de Ronald Duarte; passando por aqueles relacionados ao corpo, como Berna Reale e seu “Limite Zero”, ou “O Calabouço”, de Preta Evelyn; à natureza, como na obra “Meu Barco”, de Eduardo Mariz, ou “Desmatamento”, de Gunga Guerra; além do vídeo de poesia visual “Constelações”, de Xico Chaves, e “Tecnopoética”, de Alexandre Dacosta, em Fabulações, que abriga temas relacionados à vivências pessoais e digressões poéticas.

“O q rola você v”, de Ronald Duarte

“Meu barco”, de Eduardo Mariz.

“O Calabouço”, de Preta Evelyn.

Alexandre Dacosta com o vídeo “Tecnopoética”.

Xico Chaves com o vídeo “Órbita Poética”.