Em homenagem ao bicentenário da Independência do Brasil, o Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro realiza a exposição inédita “Fotógrafos Italianos – no florescer da fotografia brasileira”, no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro, aberta à visitação a partir deste sábado (8). A mostra apresenta cerca de 80 fotografias, em reprodução, distribuídas em um percurso temático que permite apreciar a diversidade dos interesses e a variedade da produção desses artistas, ao mesmo tempo abrangendo uma parcela importante da história do Brasil entre o Segundo Reinado e a Primeira República.

O objetivo é divulgar os perfis e as obras de grandes fotógrafos italianos, que, entre a segunda metade do século XIX e as primeiras décadas do século XX, tiveram intensa atuação no Brasil. Entre os muitos italianos que atuaram como fotógrafos no recorte temporal escolhido, foram selecionados nove personagens que brilham pelas trajetórias singulares e pela qualidade poética e visual de suas obras: Luiz Terragno, Camillo Vedani, João Firpo, Ermanno Stradelli, Nicola Parente, Guido Boggiani, Vincenzo Pastore, Virgilio Calegari, Luís Musso.

Nicola Maria Parente. [Retrato de Zacarias Milhazes]. S. l., 1886. Ferrótipo. Acervo do Museu Histórico Nacional/Ibram. Reprodução de Francisco Moreira da Costa. Domínio Público.

Com curadoria de Joaquim Marçal de Andrade e Livia Raponi, a exposição conduz o público em um itinerário traçado a partir do olhar singular desses mestres, verdadeiros pioneiros da oitava arte que contribuíram, com suas imagens, para a constituição do campo da fotografia brasileira e, ao mesmo tempo, para a constituição de uma identidade visual e de uma estética da nação-Brasil.

Após a etapa carioca, a exposição seguirá para Brasília, para ser exibida na sede da Embaixada da Itália. O evento tem os apoios institucionais da Embaixada da Itália e do Consulado Geral da Itália no Rio de Janeiro.

Luiz Musso. Entrada e fachada monumental em estilo neoclássico do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista. Avenida Pedro II, Rio de Janeiro RJ, ca. 1903. Acervo do Instituto Moreira Salles.

“Trata-se de um aspecto muito pouco conhecido da presença italiana no país; de fato, é surpreendente saber que, naquela época, da Amazônia ao Rio Grande do Sul, da Paraíba ao Rio de Janeiro, da Bahia ao Pantanal, esses brilhantes artistas-migrantes registravam com maestria técnica e olhar refinado os habitantes, as cidades e a natureza de um Brasil em rápida e intensa transformação”, avalia Livia Raponi, diretora do Instituto Italiano de Cultura do Rio e uma das curadoras da mostra.

“A fotografia é também uma invenção italiana, desde a constatação da sensibilidade de certas substâncias à luz, ainda na Antiguidade. Pressupõe a utilização de uma camera obscura dotada de lentes – Leonardo da Vinci, Giambattista della Porta, Girolamo Cardano, Daniele Barbaro… estes foram os pioneiros, todos da península itálica. E, curiosamente, à beira do Lago de Como, na Lombardia, o britânico William Henry Fox Talbot vivenciou importante revelação, enquanto desenhava a paisagem com o auxílio de um instrumento óptico denominado ‘camera lucida’. Surgiu-lhe, então, a ideia de viabilizar um sistema de registro do mundo visível em que ‘os objetos se delineassem por si só, sem a ajuda do lápis do artista’. Ali ocorreu a gênese do processo negativo-positivo”, avalia Joaquim Marçal Andrade, co-curador da mostra.

Virgílio Calegari. Rua dos Andradas. Porto Alegre RS, 1900-1910. Acervo do Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo.

Lançamento do livro “Italianos detrás da câmera. Trajetórias e olhares marcantes no florescer da fotografia no Brasil” com debate, dia 4 de novembro, às 18h.

“Fotógrafos Italianos – no florescer da fotografia brasileira” pode ser visitada até 18 de novembro.