Dando prosseguimento ao meu #projetoeumesma, contratei um Personal. Já tive uns probleminhas de coluna e achei que precisava enfim ser bem acompanhada. E claro, isso veio de encontro ao meu perfil filha única, que gosta de resolver tudo sozinha, a seu jeito, sem muita coletividade.

Bem, encontrei um profissional legal e depois de viagens a serviço, milhares de crises alérgicas e há pouco menos de um mês uma virose tremenda, coisa que não tinha há vinte anos_ sim, VINTE anos_ da qual demorei muito a me recuperar porque “não liguei o nome à pessoa”, os antibióticos também demoraram pra surtir algum efeito. Mais uma viagem a São Paulo. Umidade baixa, muita poluição e tome remédio.

Finalmente marquei para começar na sexta-feira. Pensei, “do jeito que estou parada, vou cair de dor no dia seguinte, e no sábado eu posso”. Mas o Personal ainda não podia. Desta vez, o imprevisto foi com ele e ficou pra hoje, segunda-feira.

Eu estava exatamente onde estou agora: no escritório de minha casa, na minha estação de trabalho escrevendo o blog que foi ao ar antes deste. Aula marcada para às 20 30h. Às 19 35h, um cachorrinho, lindo, mas muito solitário, começou a latir. Eu não sabia de onde vinha aquele latido, entre histérico e constante, natural de cães de pequeno porte. Comecei a ficar irritada, muito irritada.

Meu gato, tranquilo até demais e sempre deitado em torno do teclado, chegou a olhar pra mim com uma cara de cansado (imagino os tímpanos do coitado, a quantas andavam, afinal ouvem 26 vezes mais), e eu, acelerada que sou, estava pra lá de impaciente.

O Personal chegou. Fomos para a varanda. Imediatamente localizei o cãozinho. No quarto andar deste Taj Mahal de cimento que construíram ao lado de meu edifício tirando-me completamente a visão da praia e da rua em que eu moro !! A varanda dele ficava abaixo da do Gui. O garoto bonzinho que tem um cão educado e silencioso. Comecei a treinar e o bicho não parava. Meu professor chegou a se dizer admirado pela constância e potência vocal do bichinho. Via-se que a casa estava sem ninguém e deixaram a porta da varanda aberta pra ele não ficar preso em casa.

Por um segundo tive a impressão de que o cãozinho olhava para nós. Começamos a ver moradores do meu edifício conversando com os porteiros do prédio ao lado, que de terno e rádio comunicavam-se sem sucesso, afinal, não havia ninguém em casa.

Foi a vez da mãe do Gui aparecer na varanda,  eu fiz sinal de que era na varanda abaixo da dela, e nada.

Quando finalmente terminamos os  exercícios e saímos da varanda, ele parou. Cessou imediatamente aquele barulho infernal. Fui levar o Personal na porta e ainda brinquei que o bichinho devia ter gostado dele. Ou da camisa verdeque usava.

Não foi preciso muito tempo para entender que o cachorrinho queria companhia, e sim, ele estava olhando pra nós e quando saímos ele perdeu as esperanças.

Tem tanta gente latindo por aí, não é? E tão poucos entendendo… A começar pelo dono da casa, que se passa o dia inteiro fora, não deveria ter um animal que necessita tanto de gente, de ir à rua, enfim.

Não deixa de ser uma bela analogia, de uma realidade bem triste.