Não tem jeito. O assunto da semana continuará sendo a mão de Will Smith no rosto de Cris Rock. A pergunta de várias respostas até agora é: foi justo ?

A raiz da questão é a piada. Não adianta julgar a consequência sem pensar na causa. Cris Rock é um comediante de primeira, mas sempre muito aguerrido em suas palavras. Ele brinca agredindo, muitas vezes. Eu, que sou fã dele, certa vez fiquei muito chateado ao ouvi-lo brincar com o Brasil e suas mulheres. Não tinha graça, só ofensas.

Aí chegamos num ponto que considero muito importante; até onde o humor pode ir ? Porque essa turma vê seu ofício com uma elasticidade impossível, que ela realmente não tem. Tudo pode. Quando são recriminados, defendem-se com o argumento da censura, o que nem sempre procede. Não é censura, é bom senso e respeito pelo próximo.

Há poucos anos tivemos no Brasil um sketch de Jesus Cristo gay. Ora, qual é a graça e no que isso acrescenta ao humor e à religião? Nada! Fica a discussão vazia a respeito com o pode e o não pode.

Will Smith pode ter ido muito além do que se espera, mas convenhamos que ver uma piada com sua esposa doente e sem cabelos por este motivo, não deve ser fácil. Ele conhece seu sofrimento de perto e sabe o que se passa em seu íntimo. Não é possível que comediantes pensem que, ao chegar num palco, possam pinçar desgraças alheias da assistência para fazer rir. O fato dele não prestar queixa deve ter um pouco desta reflexão.

Tomara que ele tenha entendido. Comediante de primeira linha que é, Cris Rock precisa refletir e repensar suas fontes de humor. Espera-se que com este episódio lamentável ambas as partes tenham relativizado e que possam levar as coisas de uma forma mais humana, sem nenhuma política de cancelamento.

E à Jada, saúde e paz !