Eu sou uma entusiasta da história da arte, amo ler, assistir documentários, visitar museus e de vez em quando, fico obcecada por algum artista e pesquiso a fundo sua obra.  Dessa forma, me inspiro para meu trabalho.

Se você é também um curioso da história da arte, já pode ter observado que são pouquíssimas mulheres, que mereceram protagonismo.  A história da arte é contada por homens, desde os primórdios, logo é um ponto de vista muito mais masculino que feminino que nos fala sobre nossa civilização.

Foi o Barroco que acrescentou volumes e movimentos ao nosso mundo visual.  No barroco italiano, histórias bíblicas ou mitológicas eram o tema que se repetia, com intensos contrastes, personagens realistas, expressões faciais e músculos escultóricos assustadores, o tenebrismo.  Caravaggio é o protagonista pintando com jogos de claro e escuro, narrando a vida de santos, mas usando como modelos pessoas comuns, vestidas conforme a moda da época.

Artemísia Gentileschi, pintora do barroco italiano, nascida em Roma em 1593, difundiu o estilo de pintura de Caravaggio e foi uma relevante artista do barroco, porém muitas de suas obras foram atribuídas ao seu pai, também pintor, Orazio Gentileschi.

A história de vida dessa artista, descoberta recentemente nos anos 60, quando iniciou o movimento feminista, é dramática.  Ela foi assistente, para aprimorar sua pintura, no Ateliê de Agostino Tassi, colega de seu pai.  Tassi a violentou, Artemísia continuou trabalhando com ele, na esperança que se casassem, o que não aconteceu.

Isso vai marcar definitivamente seu trabalho.  A artista pinta mulheres fortes e que se assemelham a um autorretrato seu, no melhor estilo, aquilo que não me mata, me fortalece.

Ao pintar a história bíblica, Judite Decapitando o Holofernes, ela se coloca na pintura como a mulher decidida que corta fora a cabeça de um Holofernes desesperado.  Outros artistas também pintaram essa passagem bíblica, mas em nenhum deles, Judite é uma mulher tão forte.  Veja a mesma história pintada por Caravaggio e Klimt, só por curiosidade.

Pulando para alguns séculos para o impressionismo, temos outra artista relevante, Berthe Morrisot, grande amiga, cunhada e musa eternizada em retratos, de Manet, dedicou-se a pintar cenas familiares cotidianas com pinceladas curtas e rápidas.  Um impressionismo que narra cenas das famílias da metade do século XIX na França.

Na mesma época, Camille Claudel, escultora, que teve a narrativa de sua vida atrelada ao seu relacionamento com Rodin.  Camille, extremamente talentosa, vai ser assistente do já celebrado escultor Rodin, casado, com quem tem um relacionamento conturbado que a levaria a loucura.

Sua obra A Valsa, datada de 1900, mostra um casal apaixonado dançando.  O homem está nu e a mulher veste uma saia que faz um grande movimento criando uma linha diagonal.  A mulher domina a cena em sua A Valsa.

Agora sobre as vanguardas, o abstracionismo, por exemplo, teve uma mãe, muito pouco celebrada, mas não menos relevante, a sueca Hilma Af Klint.   No início do século XX, Hilma produziu obras influenciadas por teorias da cor, como a de Goethe.  Suas pinturas têm também um caráter metafísico espiritual, assim como as de Kandinsky e Mondrian com espirais, círculos concêntricos e mandalas, que as vezes, também fazem alusão à botânica.

Enquanto isso, aqui no Brasil, Anita Malfatti trouxe da Europa para nossa terra o expressionismo alemão, com personagens de feições impactantes, que não foram bem recebidos pela elite cultural brasileira da época.

Anita, antes da Semana de Arte Moderna, fez uma exposição modernista, que foi extremamente atacada pela crítica negativa de Monteiro Lobato. O tempo serviu para provar o talento revolucionário de Anita Malfatti, uma das percursoras do modernismo brasileiro, que rompeu com a tradição da pintura europeia nas terras tupiniquins.

Na sequência, Tarsila Do Amaral se junta a Anita e também com Mario e Oswald de Andrade, fundam finalmente o modernismo brasileiro rompendo com a tradição francesa definitivamente na nossa arte, uma antropofagia cultural, onde recebíamos os impulsos que chegavam de fora e os deglutíamos com a nossa cultura nativa.  Vamos celebrar as nossas raízes de um povo humilde com os pés no chão rachado e um sol a pino.

A obra A Lua de Tarsila, vendida ao MoMa por 20 milhões de dólares é a obra brasileira de maior valor no acervo do museu e remete ao surrealismo, onde um mandacaru meio silhueta de uma pessoa se banha ao brilho da lua.