por Bruno Thys
Recentemente participei com o fraterno e querido amigo Jorge Antônio Barros, de uma série de lives sobre a “A volta dos militares à política”. promovido pelo “Quarentena News”. Com produção de Antônio Soares, professor da UFRJ, entrevistamos uma constelação das ciências sociais do país para tentar entender o papel de militares graduados num governo antidemocrático e voltado apenas para uma fração do eleitorado.
Ficou parente a preocupação e o espanto coletivo diante da inevitável associação das Forças Armadas – mesmo que os militares encastelados no Planalto não as representem plenamente, o que ainda não está claro – com um governo sem empatia, que aposta no dissenso, sem projeto, sem rumo, protagonista de crises política, moral e com a economia piorando a cada dia.
Não há respostas simples para um quadro tão confuso quanto novo, embora fique claro que as instituições estão sendo erodidas e a democracia, golpeada diuturnamente. Nenhum dos entrevistados têm uma visão otimista do desfecho da balbúrdia instalada em Brasíl. A série de lives reuniu os professores Dulce Pandolfi, Daniel Aarão Reis, Manoel Domingos Neto, Maria Cecília, Francisco Carlos Teixeira e o ex-vereador Adriano Dias. São reflexões excelentes e oportunas.
Não há dúvida, porém, que Bolsonaro depende mais dos militares do que o contrário. Ainda assim, em vez de tutelá-lo, estão sendo tutelados por um presidente que compra apoio no Congresso, hostiliza os demais poderes, ofende a imprensa, produz notícias falsas e nutre um declarado desprezo pela vida humana, o tristemente famoso “E daí?” diante da montanha de cadáveres produzidos pela pandemia. E que de uns dias para cá decidiu usar a caneta contra o Corona.