Veio tarde a nota da Merck, uma das maiores farmacêuticas do mundo, negando a eficácia da Invermectina no tratamento da Covid. Era fraude anunciada. O bastidor da mudança de posicionamento da empresa, que operava no modo silencioso enquanto multiplicavam as vendas do medicamento, é simples: o laboratório pode ser responsabilizado por mortes.

O medicamento faz parte do chamado “kit Covid”, um coquetel inócuo, prescrito sabe-se lá por que tipo de profissional, no chamado “tratamento precoce” muito difundido por Bolsonaro. A Invermectina é um vermífugo indicado contra parasitas, entre eles vermes e piolhos. Ou seja: o quadro da doença, de quem usa este tipo de droga, pode se agravar e causar até a morte, mas o indivíduo agonizará livre de lombrigas.

A leitura do comunicado da Merck indica que foi redigido por advogados, não por cientistas. Os pesquisadores do laboratório deviam saber que o remédio era tão eficaz contra a Covid quanto água com açúcar para baixar febre de 40 graus. Os três pontos destacados pela empresa reforçam a suspeita:

    • Não há base científica para um potencial efeito terapêutico contra Covid-19 em estudos pré-clínicos.
    • Não há evidência significativa para atividade clínica em pacientes com a doença.
    • Há uma preocupante ausência de dados sobre segurança da substância na maioria dos estudos.

“Não acreditamos que os dados disponíveis sustentem a segurança e a eficácia da Ivermectina além das doses e dos grupos indicados nas informações de prescrição aprovadas por agências regulatórias”, diz o comunicado que, se saísse antes, provavelmente teria poupado muita gente. Mas muita gente teria deixado de lucrar com isso.