A artista visual Ecila Huste apresenta nova exposição, “O Círculo e seus Significados”, a partir de 15 de julho, na Sala Redonda do terceiro andar do Centro Cultural Correios Rio. Ao receber o convite para expor nesta sala, ela resolveu criar um site specific, um painel feito de tiras de tecido de diversas cores, previamente grafitadas e trançadas, formando uma pintura com relevo que vai abraçar o diâmetro do espaço e tem cerca de 20 metros de comprimento.

“É muito instigante criar uma obra para uma sala circular”, revela Ecila, “pois o círculo é uma forma geométrica muito bonita e, além de representar a unidade, é também símbolo de perfeição, inteireza, completude, a totalidade, o infinito. Essa forma sempre existiu na natureza e está presente no miolo de uma flor, nos ninhos dos pássaros, em algumas espécies de frutos, na concha de um caracol, na íris dos olhos e também em cada movimento cíclico, como as estações do ano e o movimento do sol e da lua.”

Ecila Huste, que é representada pela Duetto Arts New York, vem desenvolvendo há muitos anos um trabalho de pintura que ela chama de entrelaçamento – de cores, de formas, de fios, de gestos e de percursos. Dentro deste conceito da não separação, que é milenar, tudo no universo está interligado, formando uma unidade.

“Sabem todos que, nas culturas orientais, as mandalas apontam para a perfeição, seja na tese do Eterno Retorno, do Vedanta, seja na diluição dos pares de opostos, que levaria ao sartori, dos budistas, destaca Ruy Sampaio, que assina a curadoria da exposição.

“No entanto, não foi somente a maneira bela e criativa de aceitar o desafio de ocupar um espaço circular pré-existente que levou Ecila Huste a conformar esses relevos que agora o preenchem – a opção pelo círculo aqui diz mais. Ela o faz sob uma exigência estética irretocável, mas atenta a um rico feixe de significados que, histórica e antropologicamente, perpassam aquela metáfora milenar. E aqui transparece a Ecila também psicóloga.

Ao se deslocar da pintura plana para o universo tridimensional do relevo, a artista guarda todos os valores de um desenho limpo e refinado que um dos seus mestres – ninguém menos que Aluisio Carvão – um dia chamou de precioso. Por entre suas tramas, as cores amorosamente se enlaçam como aquelas do poema de Drummond, na continuidade fluente de um cromatismo único que já dantes nos seduzia em suas telas. Deliberadamente os fios que enfeixam os diversos momentos dessa pintura tão integradamente objetual, permanecem aparentes como se a artista os quisesse um testemunho da elaborada manualidade de sua artesania”, acrescenta Ruy Sampaio.

“O Círculo e seus Significados” poderá ser visitada até 28 de agosto. O Centro Cultural Correios Rio fica na rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro.