O artista Mário Camargo abre na quinta-feira 1° de julho, às 17h, a exposição “Solo imaginário: limites sem amor dos horizontes”, no Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro, com curadoria de Cesar Kiraly. São cerca de 20 obras, que ampliam o discurso pictórico e fazem surgir novas sensações além da abstração.

O artista ressalta que o âmago da exposição é a liberdade: “libero-me do retângulo, sem preconceito, também me liberto do chassi e, nesta liberação, outras formas são descobertas”, explica. Sem a presença dos chassis, os trabalhos se transformam em ‘peles das paredes’, imagem sugerida por Pierre Restany, crítico de arte francês. Em suas pinturas, Camargo utiliza tinta acrílica sobre lona ou em outros materiais, recolhidos das oficinas. Tecidos, couros e plásticos são matérias-primas aproveitadas na confecção das obras. Nesta série, a tridimensionalidade está presente, na busca pelo espaço e pela ideia não estática.

O público vai poder perceber a manipulação das cores, em uma liberdade cromática que inclui fluorescências e tons metálicos, mas é na investigação tridimensional, quando a pintura salta da tela e dos chassis, que se transforma em objeto escultural. Na experimentação da ampliação perceptiva, Mário Camargo imprime o conceito, por advogar uma independência investigativa.

A costura de réguas cromáticas inaugura uma dinâmica espacial singular e a presença da matéria-cor e do gesto do pincel se multiplicam. É pura investigação e o trabalho ganha vida própria. “Procuro manter uma força construtiva, seja espacial, seja de natureza simbólica, para instituir uma combinação de influências caras, da contemporaneidade. Não posso deixar a fazer citação das estruturas vistas em Pape e Frank Stella”, diz o artista.

Além do que se vê, nas obras de Mário Camargo há poesia para se sentir. “Se, por um lado, a concepção de uma abstração pura, mesmo sentimentalizada, é posta de lado, surge uma poderosa acepção impura, dentro da qual o suporte tem sentido acumulado à sua vida pregressa. As costuras assumem vigor metafórico e a consolidação das cores, suas interações, correspondem ao trânsito do artista na cidade habitada, ainda que nem sempre possam ser retraçados os vínculos com a origem. Isso quer dizer que as cores, as formas, as junções entre as partes precisam ser vistas do abstrato no mundo em que vivemos, com as recolhas do mundo em que vivemos, consolidadas numa associação própria”, finaliza o curador.

“Solo imaginário: limites sem amor dos horizontes” poderá ser visitada até 14 de agosto, de terça-feira a sábado, das 12h às 19h. O Centro Cultural Correios fica na Rua Visconde de Itaboraí 20 – Centro – Rio de Janeiro.