O Memorial da Resistência de São Paulo apresenta a obra Retrato Oficial (2017), do artista Rafael Pagatini. A exposição inaugura o projeto Ocupações Memorial, que articula diálogos transdisciplinares sobre a memória dos períodos autoritários no país e suas reverberações no presente. A obra Retrato Oficial é composta por 10.400 pregos de aço e reflete sobre a construção de imagens e os processos de representação da ditadura civil-militar.

O trabalho realiza um recorte sobre as fotografias oficiais dos cinco militares a assumirem o poder durante o período da ditadura civil-militar brasileira (Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo), apresentando o detalhe de suas bocas impressas sobre pregos de aço cravados na parede do espaço expositivo. Manipuladas, as imagens fazem referência às políticas de violência e silenciamento do período e buscam descontruir a suposta oficialidade do regime militar e seus mecanismos de representação.

Com a exposição do trabalho, o Memorial da Resistência propõe novos atravessamentos e interpretações sobre as narrativas históricas do país, lançando um olhar crítico sobre o passado e comprometido com uma cultura democrática e de respeito aos Direitos Humanos no presente.

“Apresentar meu trabalho no Memorial é poder contribuir para a construção de um espaço de esperança. Esperança na construção de um país mais justo e para que a sociedade entenda que os discursos sobre a memória sempre estão em disputa. Nesse sentido, entendo que é preciso desconfiar das imagens de forma a entender que a construção do olhar é permeada por jogos de poder”, diz Rafael Pagatini.

Em ocasião da exposição, o artista participará de uma roda de conversa virtual junto ao público. O evento acontece nesta terça-feira, dia 18, como parte da programação da 19ª Semana Nacional de Museus realizada pelo IBRAM.