“Para quem se abrem as portas…” poderia ser uma frase comum. Com um ponto de interrogação no final viraria uma indagação a ser decifrada. Mas trata-se do título da exposição que será inaugurada na próxima quarta-feira, dia 06, às 19h, no Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro. Com curadoria de Marilou Winograd e texto de apresentação de Alexandre Sá.

Sete artistas visuais – John Nicholson, Marco Cavalcanti, Marilou Winograd, Mário Camargo, Mark Engel, Pedro Paulo Domingues e Petrillo. Na exposição, cerca de 40 obras – entre pinturas, aquarelas, fotografias, instalações e performances – demonstram as particularidades de cada autor, cada qual com sua linguagem.

O público vai poder fazer um passeio pelas trajetórias visuais de cada artista e descobrir a relação que os trabalhos têm com a filosofia de Gaston Bachelard no livro “A Poética do Espaço”.

Cada artista elegeu uma obra icônica na história da arte como referência aos seus trabalhos, com a intenção de fazer uma cartografia do contemporâneo na exposição. E fica uma pergunta: aquele que abre uma porta é o mesmo que a fecha?

“Para quem se abrem as portas é o título dessa exposição coletiva que reúne sete artistas com trajetórias e trabalhos distintos. O que os conecta é, além do óbvio desejo de trabalharem em conjunto, a provocação feita pela curadoria: a porta. Não unicamente a porta como objeto, mas como possibilidade de latência.

A porta como conexão, vínculo, passagem, atravessamento e metáfora. Como elemento que demarca simbolicamente aberturas e finalizações, começos e despedidas. Ou mais além: a porta como eixo conceitual que consolida em si, como matéria, objeto e arquitetura, a delicada concisão que une dois movimentos supostamente díspares: abrir e fechar.

Esse pequeno jogo de linguagem termina por promover então um espaço semântico para que os artistas estabeleçam nexos, construam diálogos, ironizem suas cobiças e façam um uso afetivo e estrutural de algumas referências da história da arte para a produção de seus trabalhos. Obviamente, não se trata aqui de um simples exercício de releitura, mas de tentativas infinitas de aproximarem suas poéticas de outras obras e, inclusive, reavaliarem o legado de tais propostas nos dias de hoje.

Importante também destacar que o nome da exposição não vem acompanhado de um ponto de interrogação, embora o mesmo pareça não conseguir se desgrudar da estrutura da oração que erige a empreitada. Nesse sentido, à partir de uma afirmação e de um desejo utópico de abertura de caminhos e reestruturação discursiva, surge no subsolo a dúvida retumbante se isso ainda é possível atualmente.

Portas ainda são passíveis de serem movimentadas? E se assim o forem, como é possível compreendê-las e empreende-las poeticamente? Em que medida passado, presente e futuro não são apenas dimensões espaço-temporais apaixonadas por seus respectivos reflexos e por seus restos em eterno moto-contínuo?”

Alexandre Sá

A exposição “Para quem se abrem as portas…” poderá ser visitada até 05 de janeiro. O Centro Cultural Correios fica na Rua Visconde de Itaboraí 20, no Centro.