Vilmar Madruga

Ainda que muitos não considerem Um dia de chuva em Nova York o melhor roteiro de Woody Allen exageram, no entanto, quem diz considerá-lo mais um filme “esquecível” do diretor. Lançado em meio ao imbróglio de acusações de assédio sexual do diretor, inocentado em dois tribunais americanos, o filme utiliza o próprio universo do cinema para tocar no assunto e falar da vulnerabilidade dos relacionamentos, dos desencontros e das imprevisíveis armadilhas do destino. Uma tão divertida qto despretensiosa comédia romântica onde a produção, como sempre, cerca-se de um elenco de peso. Thimothée Chalamet (Me chame pelo seu nome) tem o naturalismo que se encaixa como uma luva no alterego do diretor com seu indefectível casaco marron. Elle Fanning (Malévola), Jude Law (Closer) e Selena Gomez também integram o time de atores. A fotografia privilegia os tons ocres da luz sobretudo ao atravessar as imagens nos breves tempos de estio. Assim como a música, ela fortalece o tom nostálgico desse retorno de Woody Allen à sua Nova Iorque. Na entrevista de lançamento da produção um jornalista associou o filme ao personagem Bartleby, o escrivão do conto de Melville e sua famosa frase: Eu preferia não. Realmente, trata-se da história de um diretor que não quer acabar seu filme, um estudante rico que não quer acabar os estudos e um personagem que não quer casar. E isso não é spoiler. Um dia de chuva em Nova Iorque pode não ser o melhor Woody Allen mas, está longe de ser um mau filme. Muito pelo contrário. Lançamento em novembro Brasil.